Redes sociais e comportamento humano

O Orkut, site de relacionamentos criado por Orkut Buyukkokten, funcionário da Google Inc., com sede na Califórnia, EUA, revolucionou a internet e apresentou ao brasileiro o conceito de redes de relacionamento, certo? Não, nada disso. Os serviços de relacionamento vêm sendo explorados pelo brasileiro desde as remotas BBS (bulletin board system), um simulacro de correio eletrônico, ainda no começo da década de 90.
Nesta época, os usuários eram tão escassos que todos se conheciam, mesmo que por nicknames. Depois, vieram outros serviços como Tribo Internet, Meu Povo, Redes-L, Listas da Esquina, Ansp, Listas BR, Alternex, Elógica, Onelist, eGroups e Makelist. Isso só citando um email recente que trata do tempo em que redes sociais online eram privilégio de poucos.
O cenário mudou muito com o advento da WWW (World Wide Web) em 1990 - quando a internet ganhou uma interface amigável - e mais ainda com a chegada do primeiro browser (navegador) em 1993, pelas mãos de Marc Andreessen, também criador do saudoso Netscape.
No final da década de 90, o brasileiro conectado aderiu em massa aos chats, as famosas salas de bate-papo nas quais todo mundo mentia idade, aparência e, alguns mais ousados, gênero. Nesta época, provedores nacionais usaram e abusaram do serviço, que ganhou adesão em peso e virou mania.
A era da mensagem instantânea, a próxima onda da comunicação virtual, chegou sob a forma de um simpático software chamado ICQ (quem não se lembra do "ôôôôôô)? A resistência a princípio foi grande, principalmente para quem estava acostumado à diversidade das salas de bate-papo e para os remanescentes daquele pequeno universo das BBS.
Depois do ICQ, a comunicação através da internet nunca mais foi a mesma. Para a chegada do MSN Messenger e de semelhantes como Yahoo! Messenger e AIM, foi um pulo. Hoje, 13 ou 14 anos depois do início do uso da internet no Brasil por meros mortais, o Messenger faz parte da vida (e dos computadores) de nada menos que 21,6 milhões de usuários ativos. Se considerarmos que o Brasil tem 30 milhões de internautas (estimativa do Ibope), é possível enxergar o tamanho da adesão ao serviço. Só perdemos em uso do Messenger para os Estados Unidos, que tem mais de 200 milhões de usuários de internet, a maioria com banda larga.
Apesar da larga vantagem, o MSN Messenger ganhou concorrentes de peso, sob a forma de serviços como o Orkut, MySpace, Multiply, Gazzag, etc. Só o Orkut, mais famosa rede de relacionamentos dos tempos atuais, tem 20 milhões de brasileiros cadastrados, um fenômeno que invadiu a mídia, atiçou as polícias e os ministérios públicos federais e estaduais e passou a ser sinônimo de comunicação no ciberespaço.
O Orkut tem muitos atrativos, não há como negar: lá, é possível encontrar parentes que o tempo e a distância separaram, amigos perdidos e colegas de escola. Mas o serviço da Google tem seu lado negativo, e agora todos sabemos disso. Como toda rede social - inclusive no mundo físico - o Orkut expressa o que há de bom e o que há de mau no sociedade. O ser humano é falho, tanto na "vida real" quanto na virtual. A questão é que a liberdade propiciada pela internet e seu suposto anonimato suscitam o surgimento de comunidades criadas tanto para o bem quanto para o mal.
A discussão sobre o lado "podre" do Orkut levou muita gente a caçar alternativas. E elas existem. Da mais conhecida no exterior, a MySpace www.myspace.com, virou febre nos Estados Unidos. Há ainda comunidades que não decolaram como Multiply, Gazaag e Friendster, dentre muitas outras.
A nova febre, no entanto, já deu as caras, mostrou a que veio e já coleciona números impressionantes entre os usuários brasileiros: tendo como precursor o YouTube - serviço de armazenamento e troca de vídeos que também é rede de relacionamento que conecta pessoas pelos seus interesses - a revolução do vídeo veio para ficar.
Seja através de programas de mensagens instantâneas ou serviços de relacionamento social, o brasileiro já provou que também é um ser social na internet. Mais do que isso: ele já provou que quer se comunicar e corre atrás de ferramentas simples e rápidas que propiciem esta comunicação.
Segundo dados recentes do Ibope Net/Ratings, o internauta aqui passa, em média, de 20 horas e 25 minutos mensais conectado. Não é pouca coisa, não. E se considerarmos o potencial da internet em banda larga - já são 4 milhões usando e muitos ainda por adotar - serviços "pesados" como o YouTube - e semelhantes como Videolog.br - prometem ser a nova onda virtual.

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